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Sobre Este Evento
O evento tem como objetivo debater a realidade e os obstáculos enfrentados pelos jovens brasileiros na atualidade, em relação às oportunidades de formação profissional e às perspectivas no mercado de trabalho, aos recortes de raça, gênero, sexualidade e classe social que determinam sua realidade, e à participação de jovens na política, assim como discutir políticas públicas voltadas para a juventude. O Brasil ainda é um país jovem: mesmo com a crescente expectativa de vida nas últimas décadas, pois segundo o IBGE 42,3% da população têm menos de 30 anos, e o grupo de 18 a 29 anos representa 18,1% do total. Apesar de ser um fator que proporciona possibilidade de crescimento e até mesmo de desenvolvimento para uma nação, o grande número de jovens no Brasil implica em uma série de desafios e demandas próprias para habilitar e estimular essa população a ajudar a desenvolver o país, o que nem sempre se concretiza, restando então uma situação contraditória frente a expectativa depositada na juventude, muitas vezes chamada de futuro da nação.
De acordo com Madden (2010), esta geração de jovens está se preparando para passar a vida adulta num mundo muito mais desigual e competitivo, e, apesar de ter tido mais oportunidades do que a anterior, ainda há muitas pessoas no mundo nesta faixa etária em situação de insegurança alimentar, com poucas oportunidades educacionais, dificuldades no acesso a serviços de saúde e sofrendo em razão de grandes taxas de desemprego. Segundo o relatório Global Employment Trends for Youth 2020: Technology and future of Jobs, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), é crescente o número de jovens que não trabalham, não estudam nem recebem treinamento (nem-nem), especialmente entre mulheres, que têm o dobro de chances de serem afetadas comparativamente aos homens. O documento também evidencia que aqueles que concluem o ensino superior têm menos chances de sofrerem com a automação do trabalho, mas que o crescente número de jovens com diploma de graduação no mercado de trabalho superou a demanda por essa mão de obra e implicou em maior desemprego e em reduções salariais.
Desde a década de 1980, o número de jovens vítimas de homicídio no Brasil vem crescendo, o que representa, além da tragédia humana, um desperdício do potencial produtivo, que implicou em uma perda cumulativa de R$ 450 bilhões para o país entre 1996 e 2015, de acordo com levantamento da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal em 2018. Cada vítima de homicídio que tem entre 13 e 25 anos representa uma perda de R$ 550 mil para o Brasil, somando o quanto o país deixa de ganhar com o potencial de trabalho e quanto se gasta em saúde, despesas judiciais e de encarceramento ligadas à morte. O Atlas da Violência 2019, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), relatou que mais da metade dos 65,6 mil homicídios no país em 2017 vitimaram pessoas entre 15 e 29 anos, uma “juventude perdida”, segundo os órgãos. O relatório mostrou que 91,8% das vítimas são homens, 75,5% são negras e a maioria tem baixa escolaridade, o que mostra a necessidade de relacionar a violência sofrida pela juventude com o racismo estrutural existente no Brasil. Com base nesses dados e outros indicadores do IBGE, a saber: maior proporção de pessoas pardas e pretas em índices relacionados à pobreza; predomínio de homens e brancos no mercado de trabalho formal; e maior escolaridade entre as classes mais abastadas e pessoas brancas, evidencia-se que raça, gênero e classe afetam diretamente as condições de vida do jovem e o acesso a serviços, e que é imperativo discutir essas estruturas de modo interseccional para analisar todas as formas que essas opressões podem tomar.A relevância de abordar a interseccionalidade pode ser observada nos dados do Ipea sobre feminicídio no país em 2013: 31% das vítimas tinham entre 20 e 29 anos, 61% eram negras e a maior parte apresentava baixa escolaridade. Jovens também são maioria nos crimes contra LGBTQIAP+: 29% das vítimas em 2018 tinham entre 18 e 25, de acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia. Questões como gênero, raça e sexualidade vêm ganhando visibilidade e espaços para discussão nos últimos anos, inclusive entre jovens, pois começa na adolescência a construção da identidade pessoal, que envolve a transição entre a dependência de valores e paradigmas da família - e da geração anterior - para a descoberta de princípios e ideias próprias, assim como dos rumos desejados para a vida.
Essas discussões reforçaram a importância da representatividade, que teve progresso - ainda que insuficiente - nas Eleições Municipais de 2020 com a inserção de transexuais, mulheres negras, quilombolas e indígenas em Câmaras de Vereadores e Prefeituras do país. Essa maior representatividade pode ser fator de estímulo no interesse da juventude na política, que, segundo pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com eleitores entre 16 e 20 anos em 2017, ainda é baixo, pois jovens tendem a ver o voto como “instrumento inócuo” e relacionam as eleições à ideia de que “os políticos são todos iguais” e também ao termo “corrupção”. É preciso despertar o interesse da juventude, por natureza crítica e intransigente, não somente em eleições, mas em mudar sua realidade por meio da política, seja por apoio a candidatos que abordem pautas de interesse e soluções para o futuro dos jovens, e não somente perpetuem o patrimonialismo, patriarcalismo e paternalismo enraizados na política brasileira; pela representatividade do grupo ao qual pertence e/ou dos valores e causas que se identifica; ou mesmo sendo agente de mudança, envolvendo-se diretamente na política por meio de movimentos e partidos que reivindicam transformações, bem como protagonizando a mudança em sua realidade e se candidatando a cargos políticos. Torna-se relevante então a necessidade de debater, analisar, desenvolver e reestruturar políticas públicas para a juventude, focando na garantia de acesso de educação em todos os níveis, assim como de acesso à cultura e esportes para garantir pleno desenvolvimento, e também na capacitação e inserção no mercado de trabalho atual, considerando quais profissões serão necessárias no futuro e quais podem deixar de existir devido à automação, ou podem ser alteradas pelas mudanças de relações de trabalho. Faz-se também interessante discutir as individualidades dos jovens, e como elas afetam sua realidade, relacionando marcadores de identidade e diversidade - gênero, raça, sexualidade, classe - ao acesso a serviços essenciais e aos problemas característicos de cada grupo e comuns a todos, e como essas diferentes realidades implicam na necessidade de maior participação política da juventude para que a representatividade seja concretizada na democracia e que os direitos de todos os jovens sejam garantidos pelo Estado. Nesse sentido, justifica-se o evento por proporcionar conhecimento e diálogo sobre assuntos de relevância tanto para o meio acadêmico quanto para o cotidiano social de alunos, servidores e comunidade. Para tanto, o evento será dividido em três eixos com convergência temática, cada um representado por uma mesa de debate. Educação, Formação e Trabalho. Identidade e gênero (diversidade). Protagonismo político para as transformações.
- A Semana de Políticas Públicas é um projeto anual realizado pelo Programa de Educação Tutorial, na área de Políticas Públicas (PETPP), vinculado à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus - Curitiba (PR).
Programação
Educação, formação e trabalho - PAINELISTAS: Maria Sara de Lima Dias e Maria Luisa Carvalho
O objetivo da mesa é discutir as perspectivas e oportunidades da juventude em relação à educação, capacitação profissional, inserção no mercado de trabalho e desenvolvimento e progressão de carreira, desde a formação dos jovens, tanto para o ensino técnico quanto na graduação, até mesmo se essas formações - inclusive na universidade, com a indissociabilidade da tríade ensino, pesquisa e extensão - serão suficientes para preparar o profissional do futuro. Dada a constante evolução do trabalho, a automação e a grande quantidade de “novos empregos”, faz-se necessário indagar o que o jovem precisa fazer para se preparar para o mercado de trabalho do futuro e quais políticas públicas serão essenciais para a sua capacitação, inserção e permanência? Além disso é relevante debater os tais empregos do futuro e as possíveis mudanças nas relações do mercado de trabalho.
Identidade e diversidade - PAINELISTAS: Frei David Santos, Felipe Pinheiro e Raquel Therezinha Rodrigues
O objetivo do painel é discutir a construção da identidade do jovem, especialmente em relação a aspectos como raça, gênero, sexualidade e classe social, que têm papel determinante nas condições de acesso a serviços tais quais educação e saúde, e se relacionam aos problemas que cada grupo enfrenta, como racismo, machismo, homofobia, transfobia e outros preconceitos e problemáticas que afetam sua realidade.
Protagonismo político para as transformações - PAINELISTAS: Camilla Gonda, Felipe Nekel e Carol Dartora
O objetivo do painel é discutir a participação política da juventude brasileira, os motivos para o engajamento ou a falta dele, sobre os jovens que protagonizam mudanças em suas realidades temporais e quais foram ou são suas motivações e conquistas, bem como debater o que seria necessário para estimular a participação política de jovens brasileiros e brasileiras no momento atual.
Palestrantes

Maria Sara de Lima Dias
UTFPR

Maria Luisa Carvalho
UTFPR

Frei David Santos
EDUCAFRO

Felipe Pinheiro
UTFPR

Raquel Therezinha Rodrigues
UNIOESTE

Camilla Gonda
PUCPR

Lucas Nekel
UFPR

Carol Dartora
Vereadora de Curitiba
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