O evento tem por objetivo geral discutir e compreender as vivências e os desafios atuais das mulheres que estão estudando e trabalhando nas áreas de Ciência e Tecnologia (C&T), refletindo sobre o contexto pandêmico e seus efeitos na carreira acadêmica, assim como reconhecer e valorizar nomes de mulheres na história dessas áreas.
A ciência e a tecnologia ainda são áreas a serem desbravadas por mulheres. Os estereótipos de gênero perpetuados até hoje contribuiram para a visão de que o público feminino deve ser direcionado para formação em áreas destinadas ao cuidado e atenção, enquanto que, para os homens, destinam-se as áreas que demandam racionalidade, sob a justificativa de que esses atributos são naturais de cada sexo.
Desde o início da Revolução Industrial, a manipulação, o desenvolvimento e aperfeiçoamento de máquinas couberam majoritariamente aos homens, o que criou uma associação entre masculinidade e tecnologia que distancia mulheres da carreira de tecnologia até os dias atuais.
Além de dificuldades como a conciliação da carreira com a maternidade e a dupla jornada feminina, a inserção das mulheres na C&T ainda se contrapõe ao machismo e ao racismo estruturais presentes tanto no mercado de trabalho quanto nas universidades.
Segundo estudo publicado pela UNESCO (2018), apenas 35% dos estudantes no mundo nas áreas de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) são mulheres. No Brasil, apesar de representarem 54% dos estudantesde doutorado, as mulheres nas ciências da computação e matemática são menos de 25% do total; já nas áreas de saúde, elas representam mais de 60%.
O Censo da Educação Superior (2016) expõe uma situação ainda mais precária para as mulheres negras: na graduação, elas correspondem a 6% dos alunos matriculados entre 20 e 24 anos, enquanto mulheres brancas representam quase 7 vezes mais esse valor, cerca de 40%. Os dados também mostram que apenas 15% das bolsistas do CNPq são negras, e que, somando o número de mulheres pretas e pardas que possuem doutorado, o total não alcança os 3% dos docentes de pós-graduação no país.
Evidencia-se então a necessidade de políticas públicas de inclusão de mulheres na C&T para maior representatividade, com foco nas mulheres pardas, pretas e indígenas por questão de reparação histórica, e também de iniciativas para incentivar essa inserção em todos os níveis de ensino, estimulando o interesse das meninas nessas áreas e apoiando futuras profissionais de STEM.
Ao machismo e racismo institucionais, somam-se muitos outros desafios que as mulheres que destemidamente escolheram a carreira acadêmica enfrentam, incluindo os recentes contingenciamentos e cortes no orçamento de universidades. Ressalta-se também que elas foram prejudicadas desproporcionalmente pela pandemia de Covid-19 em relação a seus colegas homens, de acordo com a pesquisa realizada pelo grupo Parent in Science, em 2020.
Dados do mesmo estudo apontam que, entre docentes/pesquisadores, alunos de pós-graduação e pós doutorandos de universidades brasileiras, 68,7% dos homens conseguiram submeter artigos científicos na quarentena, contra 49,8% das mulheres, com a queda do percentual para 47,4% quando se trata de mulheres com filhos.
Faz-se relevante então, discutir não somente a inclusão feminina nas áreas de STEM, mas também refletir sobre os desafios inerentes a suas trajetórias acadêmicas, e debater a necessidade de elaboração de políticas de permanência específicas para atender as demandas do cotidiano de mulheres na academia.
Nesse sentido, justifica-se o evento por proporcionar conhecimento e diálogo sobre assuntos de relevância tanto para o meio acadêmico quanto para o cotidiano social de alunos, servidores e comunidade. Para tanto, o evento será dividido em duas mesas de debates com convergência temática, junto a uma série de publicações no Instagram e Facebook do PET-PP no mês de novembro para divulgar pioneiras na C&T, assim como pesquisadoras e jovens cientistas que enriquecem essas áreas atualmente.
Painel: “Mulheres na C&T: conquistas, vivências e desafios na carreira”
Painelistas: Marília Abrahão Amaral, Maria Fernanda Azolin, Ana Carla Cordeiro
Mediação: Thaise Muraro (PET PP)
O objetivo do painel é debater a baixa representatividade feminina nas áreas de STEM, discutindo estereótipos e preconceitos históricos, e a necessidade de políticas e iniciativas para mudar o cenário atual, assim como refletir sobre os desafios da carreira acadêmica de mulheres na C&T, incluindo as conciliações e concessões em questões como maternidade e dupla jornada, e as experiências das painelistas e da audiência.
Painel: “Avanços, perspectivas e presença das mulheres negras na ciência e tecnologia”
Painelistas: Rita de Cássia dos Anjos, Ágatha Serafim, Cristianara Silva
Mediação: Thaise Muraro(PET PP)
O objetivo do painel é debater as realidades de mulheres negras na C&T e a necessidade de políticas e iniciativas para sua inclusão, não só como reparação histórica, mas para o enriquecimento das áreas de STEM, além de discutir o racismo estrutural, que implica em menos oportunidades no mercado e salários menores em comparação a mulheres brancas, e institucional, pois a disparidade de raça e gênero nas universidades indica que as acadêmicas negras enfrentam obstáculos muito maiores do que as brancas e os homens.
Ada Lovelace: Nascida em 1815, Lovelace foi a única filha legítima do famoso poeta inglês Lord Byron, e sua esposa Baronesa Byron, que incentivou o interesse da filha pela matemática e lógica. Trabalhou com Charles Babbage no projeto da Máquina Analítica, a primeira máquina programável para executar quaisquer comandos, e logo percebeu que a máquina era muito mais do que Babbage imaginava. Escreveu então o primeiro algoritmo para ser processado por máquinas, sendo considerado o primeiro programa de computador da história. Além de desenvolver os algoritmos para computar os valores de funções matemáticas, ela ainda publicou anotações que um século mais tarde seriam reconhecidas como a descrição de um computador e software. *Tilda Swinton interpreta Lovelace no filme Conceiving Ada (1997).
Anna Luísa Beserra: Jovem cientista baiana que aos 15 anos começou a desenvolver uma tecnologia para tratar água de zonas rurais usando luz do sol, o Aqualuz, que também é a única tecnologia para tratar água de cisterna usando a luz do sol no mundo. Aos 17 fundou a startup Safe Drinking Water For All – SDW para desenvolver tecnologias que tornassem o acesso à água e saneamento um direito universal. Aos 18 foi a brasileira mais jovem formada em Lideranças de Novos Empreendimentos pelo MIT. É a única brasileira premiada pelos Jovens Campeões da Terra da ONU, principal premiação para jovens.
Emmanuelle Charpentier: Nascida em 1968, na França; Em 1992 se formou pela Universidade Pierre e Marie Curie de Paris onde estudou bioquímica, microbiologia e genética. Em 1995 obteve doutorado pelo Instituto Pasteur; Em 2012 publicou um artigo- juntamente com a pesquisadora Jennifer Doudna – sobre o CRIPR-Cas9, um método de edição de genoma. Por causa desta pesquisa, ganhou em 2020 o Prêmio Nobel de Química.
Jennifer Doudna: Nascida em 1964, nos Estados Unidos; Estudou bioquímica no Pomona College na Califórnia e em 1989 concluiu seu Ph.D em bioquímica e farmacologia molecular; Trabalhou como pesquisadora e professora universitária desde então. Em 2012 publicou um artigo – juntamente com a pesquisadora Emmanuelle Charpentier – sobre o CRIPR-Cas9, um método de edição de genoma. Por causa desta pesquisa, ganhou em 2020 o Prêmio Nobel de Química.
Hipátia de Alexandria: Nasceu no ano de 355 em Alexandria, Egito. Estudou astronomia, religião, poesia, artes e ciências exatas numa época onde as mulheres dificilmente tinham acesso ao conhecimento. Se tornou professora e diretora da Academia de Alexandria e é considerada a primeira mulher matemática da humanidade. Aparece no livro brasileiro “A História de Hipátia e de Muitas Outras Matemáticas” e no filme “Alexandria”.
Enedina Marques: Nascida em 1913, em Curitiba, se tornou a primeira mulher a obter um curso superior no estado do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil, pela UFPR. Participou de diversas obras importantes, como a Usina Capivari – Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país) e a construção do Colégio Estadual do Paraná.
Francielly Rodrigues Barbosa: Com apenas 18 anos, a jovem paraense já recebeu mais de 20 premiações nacionais e internacionais com o seu projeto que estuda a aplicabilidade do carvão do caroço de açaí na construção civil, que atualmente tem parceria com a FAU-USP e a UEPA. Participou do International Innovation Experience 2018, e ganhou uma bolsa para uma escola de línguas na Irlanda. Além de tudo isso, ainda trabalha na diretoria do clube de ciências de sua cidade, Moju, e como monitora voluntária no programa OBMEP na escola.
Rosalind Franklin: Nascida em 1921, em Londres, se formou em Ciências da Natureza pelo Newnham College, faculdade restrita às mulheres da Universidade de Cambridge, em 1941. Pioneira nas pesquisas de biologia molecular, Franklin desenvolveu estudos sobre a difração dos raios-x e se tornou responsável pela descoberta do formato helicoidal do DNA. Foi reconhecida pelo seu trabalho apenas após a morte, pois seu chefe, o biólogo Maurice Wilkins, não quis dar créditos por sua contribuição. Atualmente é considerada Mãe do DNA.
MariaLab: coletivo em São Paulo que tem como objetivo encorajar, empoderar e unir mulheres através do interesse pela cultura hacker, semeando conhecimento, autonomia com corresponsabilidade e caminhos de mudanças sociais em um espaço de acolhimento, diversidade e troca. A MariaLab nasceu do desejo de tornar tornar os espaços de tecnologia mais plurais, indo além na busca pela representatividade ao propor reconstruções e reapropriações nos modos de desenvolver e interagir com infraestruturas tecnológicas, partindo do pressuposto que tecnologia é política e ambas podem ser feministas.
PyLadies: comunidade mundial que foi trazida ao Brasil com o propósito de instigar mais mulheres a entrarem no mundo da tecnologia, mostrando a elas que não há limites para sua capacidade intelectual e criando ambientes para atraí-las para a computação, área repleta de contribuições femininas em sua história. Atuando para impulsionar uma comunidade Python diversificada por meio da sensibilização, educação, conferências, eventos e encontros sociais, a rede de comunidades brasileiras está presente atualmente em 29 cidades e se tornou o maior capítulo PyLadies no mundo.
Django Girls: organização sem fins lucrativos britânica cujo capítulo brasileiro está presente em várias cidades. É uma comunidade que oferece workshops de um dia de desenvolvimento web para iniciantes, voltados para o público feminino, com o objetivo de aumentar o número de mulheres programadoras e diversificar a indústria de TI, e incentivar o interesse feminino na área tecnológica.
PrograMaria: O meta-site sobre mulheres e tecnologia nasceu da tentativa das fundadoras, jornalistas e designers, de aprender a programar e das dificuldades encontradas no caminho, o que levou à realização de que, apesar de meninas e mulheres consumirem tecnologia, elas não fazem parte de sua produção. Sediado em São Paulo, pretende incentivar a inserção feminina nos campos de tecnologia, da programação e do empreendedorismo, promovendo oportunidades e ferramentas para os primeiros passos na aprendizagem da programação, além de instigar o debate sobre a baixa representatividade feminina na área.
Bertha Lutz: Formou-se no curso de ciências da Universidade de Sorbonne (Paris). Filha de Adolfo Lutz, pioneiro da Medicina Tropical, foi a segunda mulher a se tornar funcionária pública no Brasil ao ser aprovada em um concurso do Museu Nacional (RJ) em 1919. Especializada em anfíbios, Lutz foi professora por mais de 40 anos da instituição, e também teve grande participação nos movimentos feministas no Brasil no início do século XX, como o Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que liderou a campanha pelo voto das mulheres no país. Assumiu mandato de deputada federal em 1936 até a implantação do Estado Novo.
Elza Furtado Gomide: Filha de professor de matemática, começou a carreira ao se formar em física pela USP, em 1944, em meio à Segunda Guerra Mundial. Ainda durante o curso, havia percebido que gostava mais de matemática, e acabou se tornando a primeira brasileira a concluir doutorado na disciplina em uma instituição brasileira, defendendo a tese em novembro de 1950 na mesma instituição, na qual trabalhou por cinco décadas.
Marie Curie: Nasceu na Polônia, no século XIX. Cursou química, física e matemática na Universidade de Paris e posteriormente se tornou a primeira mulher a fazer doutorado na França; seus estudos de radioatividade levaram à descoberta dos elementos Rádio e Polônio, tornando Curie vencedora de 2 prêmios Nobel, nas áreas de química e física.
Rita de Cássia dos Anjos: Professora do Setor Palotina da UFPR, recebeu neste ano o prêmio Para Mulheres na Ciência L’Oréal-UNESCO-ABC na área de Ciências Físicas por seus estudos raios cósmicos de altíssimas energias, área à que se dedica desde seu doutorado no Instituto de Física de São Carlos (USP). Colabora nos projetos Física em Braile e o Rocket Girls para incentivar alunos a ingressarem na área, e também divulga a ciência em diferentes níveis escolares, com projetos de extensão para professores da rede pública de Palotina.
Sônia Guimarães: Sonia prestou vestibular em física no Mapofei, um vestibular criado em 1969 para a área de exatas nas universidades Instituto Mauá de Tecnologia, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Hoje, Sonia é a primeira negra brasileira doutora em física pela University of Manchester Institute of Science and Technology e compõe, há 24 anos, o corpo docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Ela atua na área de física aplicada, com ênfase em Propriedade Eletróticas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente, e já conduziu pesquisas sobre sensores de radiação infravermelha.
Johanna Döbereiner: Nascida na antiga Tchecoslováquia, formou-se em Agronomia na Universidade de Munique em 1950, veio em seguida para o Brasil, onde se naturalizou em 1956. Foi contratada para trabalhar no Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas do Ministério da Agricultura (atual EMBRAPA). Revolucionou a produção de soja no país quando descobriu a associação entre bactérias e alguns tipos de gramíneas, o que permitia a fixação biológica de nitrogênio nas plantas e dispensava o uso de fertilizantes químicos. Foi indicada ao Prêmio Nobel de Química em 1997.
Maria Augusta Arruda: Bióloga, é doutora em biociências/farmacologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde atuou como professora e biotecnóloga. Foi pesquisadora em Saúde Pública da Farmanguinhos-Fiocruz e atualmente é coordenadora geral do Programa Capes-Universidade de Nottingham em Descoberta de Novos Fármacos, universidade onde é desde 2019 gerente de projetos estratégicos junto à principal agência de fomento britânica, UK Research & Innovation. Ganhou o Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC em 2008. Vem atuando também no campo da diplomacia científica.
Anita Canavarro: Anna Maria Canavarro Benite é doutora e Mestre em Ciências e Licenciada em Química pela UFRJ. Atua como Professora Associada e Coordenadora do PIBID QUÍMICA na Universidade Federal de Goiás. É ativista do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado e participa do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR. Em 2009 fundou o grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências (CIATA) do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (CIATA-LPEQI/UFG) com a proposta de descolonizar o estudo de ciências. Além disso é presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), que busca promover a superação do racismo por meio da educação, defendendo e zelando pela manutenção de pesquisas com financiamento público.
Katemari Rosa: apaixonada por física desde menina, a gaúcha costumava observar as estrelas e sonhava em alçá-las. Formou-se em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fez mestrado em Filosofia e em História das Ciências pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e doutorado em Educação em Ciências pela Universidade de Columbia, em Nova York. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia, onde coordena de área do PIBID Física. Em sua trajetória, Katemari se deparou com o racismo em seu campo de atuação, e por isso, em 2015, iniciou a pesquisa “Contando nossa história: negras e negros nas ciências, tecnologias e engenharias no Brasil”, visando criar um banco de histórias de negros e negras cientistas brasileiros. A pesquisadora é membro da National Organization of Gay and Lesbian Scientists and Technical Professionals (NOGLSTP) e da Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN).
Veridiana Victória Rossetti: Filha de imigrantes italianos, seu pai era agrônomo e o avô professor da disciplina, decidiu então seguir a tradição familiar e ingressou na Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, em Piracicaba (SP), e foi a primeira mulher a concluir um curso de agronomia no estado de São Paulo e a segunda no Brasil, em 1939. No Instituto Biológico do Estado de São Paulo, foi pesquisadora e diretora da Divisão de Patologia Vegetal por mais de duas décadas, e se tornou referência internacional em doenças em plantas cítricas.
As mulheres de Bletchley Park: Na Segunda Guerra Mundial, Bletchley Park foi a sede do serviço de criptoanálise britânico, onde trabalhou Alan Turing, o matemático que, segundo Churchill, foi responsável pela contribuição mais importante na vitória dos Aliados. O que os livros de história ocultaram é que das 10.000 pessoas que trabalhavam na propriedade, 75% eram mulheres, em sua maioria matemáticas, físicas e engenheiras de classe média, que salvaram tantas vidas quanto seus colegas homens mas nunca obtiveram o mesmo crédito e aclamação que eles, além de receber salários menores. Entre essas mulheres, destacam-se Joan Clarke, a única mulher a trabalhar com códigos da máquina Enigma na unidade de Turing (Hut 8) e a responsável por possibilitar a quebra deles em tempo real; Margaret Rock, que lidava com códigos relacionados a espionagem alemã; Mavis Batey, que decifrava mensagens de planos da marinha italiana na Batalha do Cabo Matapan; e Audrey Briggs, que era membro da equipe que interceptava as mensagens enviadas para a Hut 8, e traduzia as mensagens recebidas do alemão para a língua inglesa. *Joan Clarke foi interpretada por Keira Knightley em O Jogo da Imitação, filme sobre Turing. *Séries: The Bletchley Circle e o spin-off The Bletchley Circle: San Francisco.
Luiza Bairros: uma das vozes mais respeitadas no combate à discriminação racial no Brasil, compôs o Movimento Negro Unificado (MNU) e foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) durante o segundo governo Dilma Rousseff (PT). Faleceu em julho de 2016, enquanto o processo de impeachment ainda tramitava. Graduou-se em Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGS), fez mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutorado em Sociologia pela Michigan State University (EUA). Para os movimentos sociais, principalmente os de mulheres e negros, Luiza Bairros deixa reflexões fundamentais para compreensão e acão politica pela igualdade de gênero e raça.
Irmã Mary Kenneth Keller: Freira nascida nos Estados Unidos, Irmã Keller se tornou a primeira mulher a receber um doutorado em Ciências da Computação, pela Universidade Washington, em 1965. Contribuiu para a criação da linguagem de programação BASIC, utilizada por décadas para fins didáticos. Em 1965 fundou um departamento de ciências da computação na Universidade Clarke, onde trabalhou como diretora até falecer, em 1985. Autora de 4 livros sobre computação e programação, Irmã Keller é referência até hoje como uma das primeiras vozes pela inclusão de mulheres no ramo da informática.
Viviane dos Santos Barbosa: a baiana cursou Química Industrial por dois anos na Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas decidiu ir para Holanda nos anos 90, onde se graduou em Engenharia Química e Bioquímica pela Delft University of Technology, na qual também fez mestrado em Nanotecnologia. A pesquisadora se destacou por desenvolver um produto catalisador que reduz a emissão de gases poluentes, através de uma mistura de Paládio e Platina. O trabalho da cientista recebeu o prêmio máximo, entre 800 trabalhos, na International Aeorol Conference, na Finlândia.
Simone Maia Evaristo: bióloga pela Universidade Gama Filho e citotecnologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve infância humilde, estudou em escola pública e hoje é reconhecida internacionalmente. Presidente da Associação Nacional de Citotecnologia (ANACITO), também é a única brasileira no quadro de membros ativo da Academia Internacional de Citologia (IAC), como membro diretor. Atualmente é docente do curso de formação Técnica de Nível Médio de Técnico em Citopatologia – INCA / EPSJV (Fiocruz) e docente em pós-graduação na área de Citologia Oncótica.
“As garotas do ENIAC”: Kathleen McNulty, Mauchly Antonelli, Jean Jennings Bartik, Frances Synder Holber, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence e Ruth Lichterman Teitelbaum foram as mulheres selecionadas para a missão de calcular à mão a trajetória de mísseis e outras ogivas durante a Segunda Guerra Mundial. Não existia linguagem de programação, software e sistema operacional, então elas resolviam equações manualmente fazendo uso de três mil interruptores e botões que comandavam um hardware de mais de 80 toneladas. As pesquisadoras foram responsáveis pela criação de protocolos utilizados até os dias atuais, além de terem influenciado a criação de sistemas de salvamento de configurações e preferências, sistemas informatizados para a realização do censo americano e a invenção do teclado numérico.
Lis Ingrid Custodio: graduou-se em matemática pela Universidade Federal Fluminense em 2007 e mestrado (2010) e doutorado (2014) ambos em matemática pela PUC-RJ. Durante seu doutorado, conseguiu uma bolsa para o Departamento de Ciência da Computação da New York University entre março de 2012 e março de 2013. Em 2011 ganhou o prêmio de melhor dissertação de mestrado em computação gráfica pela SIBGRAPI. Atualmente é professora adjunta do departamento da Ciência da Computação do Instituto de Matemática da UERJ. Suas áreas de pesquisa são principalmente na modelagem geométrica, deformação de malhas e extração de isosuperfície.
Glaci Teresinha Zancan: graduou-se em Farmácia-Química em 1956 pela Faculdade de Farmácia de Porto Alegre e fez doutorado em Química Biológica na UFRGS. Trabalhou com Luís Federico Leloir (Prêmio Nobel de Química) em Buenos Aires, e Henri-Gery Hers (Prêmio Wolf em Medicina) na Universidade de Louvain, na Bélgica. Começou sua carreira como docente na UFPR em 1962, no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, e ajudou a consolidar a pós-graduação em Bioquímica da instituição. Sua luta pela ciência lhe rendeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico, do governo federal; a Medalha do Mérito Educativo, do Conselho Federal de Farmácia; a Ordem do Mérito Educativo, como oficial do governo federal; e o título de Professora Emérita da UFPR, em 2006.
Joana D’arc Félix: filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume, graduou-se em química em 1986 pela UNICAMP e fez mestrado (1990) e doutorado (1994) e pós-doutorado (1996) em química pela UNICAMP, sendo a primeira da família em concluir o ensino superior. Optou em estudar o material no qual era a matéria prima da profissão de seu pai: o couro. Por isso, é especialista em reaproveitamento de resíduos do setor coureiro-calçadista. Em 2014 ganhou o prêmio Kurt Politzer de Tecnologia, da Associação Brasileira da Industria Química (ABIQUIM). Atualmente é professora e coordenadora do curso Técnico em Curtimento na ETEC Prof° Carmelino Corrêa Junior onde desenvolve atividades de pesquisa na sua área de atuação.
Nedir do Espírito Santo: graduou-se em matemática pela Universidade Federal Fluminense em 1975. Obteve o título de mestre em matemática em 1980 pela PUC-RJ e título de doutora em matemática em 1993 pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Atualmente é professora associada da UERJ, com ênfase em formação de professores e tendo como linha de pesquisa a geometria diferencial com trabalhos publicados nos temas de superfícies mínimas e superfícies de curvatura média constante.
PretaLab: iniciativa do Olabi, que busca democratizar a produção de tecnologia, atua para possibilitar e estimular o protagonismo das meninas e mulheres negras e indígenas nos campos da inovação e tecnologia. O projeto surgiu como uma campanha e produziu um estudo com entrevistas, dados e vídeos que mostraram que há a necessidade de discutir raça e gênero na tecnologia. Os objetivos do PretaLab são evidenciar que a falta de representatividade não é um problema só da área tecnológica, mas uma questão de direitos humanos e liberdade de expressão, e divulgar profissionais da área para mostrar a mulheres e meninas que a Ciência & Tecnologia estão a seu alcance.
Reprograma: a organização sem fins lucrativos pretende inspirar, empoderar e educar mulheres cis e trans com conhecimentos de computação e ferramentas de capacitação profissional, visando reduzir a disparidade de gênero no setor tecnológico no país. A iniciativa já formou 300 programadoras, e está atualmente organizando um projeto com foco em mulheres negras e trans, oferecendo bootcamps de front-end e back-end, online e gratuitos, para mulheres de todo Brasil.
Meninas Digitais: programa da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) que pretende estimular o interesse de meninas em carreiras em Tecnologia da Informação e Comunicação, visando transformar o Brasil em referência na equidade de gênero nas áreas. Trabalha com estudantes do ensino médio e dos últimos anos do fundamental, oferecendo minicursos e oficinas, realizando dinâmicas, palestras com estudantes e profissionais da Computação e outros eventos para motivar as alunas a seguir carreira no campo.
Podcast DiversiTalk ep. 6: Mulheres Negras e a Tecnologia: DiversiTalk é o podcast da consultoria Mais Diversidade, que ajuda empresas com a valorização da diversidade e a inclusão de diferentes públicos. Neste episódio, Nina Silva, fundadora do Movimento Black Money – marketplace que permite a conexão entre consumidores e empreendedores negros – e executiva na área de tecnologia há mais de duas décadas, conversou sobre sua carreira, empreendedorismo e como apoiar a comunidade negra, o que resumiu em “compre de pessoas pretas, mas venda para todo mundo”.
Jean Sammet: formada em Matemática, a cientista escreveu um dos grandes clássicos da computação “Programing Languages: History and Fundamental”, publicado em 1969. Trabalhou para a IBM por cerca de três décadas, onde desenvolveu a linguagem FORMAC para manipulação de expressões algébricas. Seu trabalho de destaque até hoje foi a linguagem COBOL, desenvolvida em 1959 junto de uma comissão de programadores, e ainda em uso atualmente.
Carol Shaw nasceu no coração do Vale do Silício e foi influenciada pela revolução tecnológica de sua cidade natal. Primeiramente formada em engenharia elétrica e posteriormente mestre em Ciência da Computação, Carol foi contratada pela Atari, se tornando a primeira mulher a desenvolver jogos eletrônicos no mundo. A presença de Carol na Atari abriu um espaço importante para outras mulheres entrarem na indústria dos jogos eletrônicos. Aposentou-se precocemente, após o sucesso do game “River Raid” com mecânicas inovadoras para a época, e passou a atuar voluntariamente em organizações voltadas à tecnologia.
Maria da Conceição Tavares é uma das grandes mentes por trás do pensamento econômico brasileiro contemporâneo. Nascida em Portugal, Maria da Conceição é formada em Matemática pela Universidade de Lisboa. Veio ao Brasil fugindo da perseguição da Era Salazar, enquanto estava grávida aos 24 anos. Aqui, formou-se em Economia pela UFRJ, onde é professora-emérita. Também é professora-titular da Unicamp. Tem centenas de artigos e livros publicados, recebendo diversos prêmios ao longo de sua carreira como economista, incluindo o Prêmio Jabuti em 1998, além de ter formado diversos economistas e líderes políticos brasileiros.
Lélia Gonzales: Nascida em Belo Horizonte, Lélia Gonzales foi uma intelectual, professora, ativista e antropóloga brasileira. Graduou-se em História e Filosofia, fez mestrado em Comunicação e formou-se doutora em Antropologia Política, tendo gênero e etnia como temas de sua pesquisa. Ao entrar no mundo acadêmico, deparou-se com contradições de raça e gênero que a levaram à sua atuação como militante feminista e do movimento negro. É uma autora com uma produção expressiva e notável, que trouxe à tona ainda na década de 70 uma “nova visão do feminismo”: um movimento que considere o caráter multirracial e pluricultural da América Latina, características que hoje dão forma ao feminismo interseccional.
Katherine Bouman: Atualmente professora assistente de ciência de computação no California Institute of Technology (Caltech), é PhD em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se juntou ao projeto Event Horizon Telescope (EHT) há seis anos, no qual é agora pós-doutoranda. Katie Bouman liderou a equipe que criou o algoritmo – CHIRP – que contabilizou os dados obtidos por vários telescópios ao redor do mundo e gerou a primeira imagem de um buraco negro. Seu foco de pesquisa é projetar sistemas que possibilitem a observação de fenômenos anteriormente difíceis ou impossíveis de medir com abordagens tradicionais.
Vania Bambirra: Nascida em 1940 em Belo Horizonte e filha de um militante do Partido Comunista, teve sua trajetória marcada pelo debate entre a militância política e a reflexão teórica; Em 1962 concluiu sua graduação em Sociologia e Política pela UFMG, em 1964 concluiu seu mestrado na UnB e mais tarde obteve seu doutorado em Economia na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Entre 1961 e 1966 ela participou da fundação e atuou como militante na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP) e após o Golpe de 1964 ficou exilada no Chile, indo posteriormente para o México e retornando ao Brasil em 1980. Sua produção teórica abrange dezenas de livros, artigos e ensaios dedicados a investigação teórica acerca das estruturas socioeconômicas e políticas específicas do capitalismo dependente, assim como sobre os desafios da transição e construção do socialismo na América Latina e no Brasil.
Annie Easley: cientista da computação americana, matemática e cientista de foguetes, acreditava quando jovem que as únicas carreiras abertas para as mulheres negras eram enfermagem e docência. Chegou a cursar farmácia por dois anos e a trabalhar como professora substituta, ajudando negros a se alfabetizarem e qualificarem para o registro como eleitores. Após ler um artigo em 1955 sobre o Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA), antecessor da NASA, candidatou-se a um emprego e foi uma dos quatro negros trabalhando na agência na época. Com a transição da NACA para a NASA e a introdução de computadores eletrônicos, buscou se qualificar e conseguiu ser transferida. Foi a líder do time responsável pelo desenvolvimento do software Centaur para o staging, processo de combinação de várias sessões de foguete que pegam fogo em uma ordem específica e, então, se destacam da nave principal, para que essa atinja o espaço.
Mae Jemison: médica, engenheira e ex-astronauta norte-americana, foi a primeira mulher negra a ir para o espaço, a bordo do ônibus espacial Endeavour como especialista de missão na área médica. Mostrou interesse em ciências desde pequena e ganhou uma bolsa para a universidade de Stanford ao 16 anos, onde se formou em Engenharia Química em 1977. Graduou-se em Medicina na Universidade de Cornell em 1981 e foi médica voluntária no Corpo de Paz na Serra Leoa e na Libéria entre 1983 e 1985. Jemison se juntou ao grupo de astronautas da NASA de 1987 e serviu na missão STS-47, na qual orbitou a Terra entre 12 e 20 de setembro de 1992. Jemison é uma forte defensora da ciência e tecnologia, inspirando e encorajando jovens a seguir carreiras em ciência e medicina, e trabalhando para defender a diversidade de gênero, étnica e social nas ciências.
Alicia Kowaltowski: formada em medicina pela Unicamp, fez doutorado em Ciências Médicas pela mesma instituição e pós-doutorado na Oregon Graduate Institute, e atua na área de bioenergética, transporte e estado redox mitocondriais. Atualmente, é professora titular do Departamento de Bioquímica da USP e membro da Academia Brasileira de Ciências, já escreveu mais de 150 artigos científicos, além do livro “O que é Metabolismo: como nossos corpos transformam o que comemos no que somos”. Quinzenalmente às quintas-feiras, escreve uma coluna para o Nexo Jornal.
Helena Bonciani Nader: é bacharel em Ciências Biomédicas pela Unifesp e licenciada em Biologia pela USP, fez doutorado em Biologia Molecular pela Unifesp e pós-doutorado na University of Southern California. Professora titular da Unifesp desde 1989, acumula diversas honrarias, entre elas a Classe Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico; Medalha Carneiro Felippe, Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); Classics in Cell Biology, Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC); Science Service Award, Federação de Sociedades de Biologia Experimental, FESBE; e Grão-Mestre da Ordem Nacional do Mérito Educativo, Presidência da República. Atualmente ocupa os cargos de vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e co-Presidente da InterAmerican Network of Academies of Sciences (IANAS), e desde 2017 é presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Margaret Hamilton: Formou-se em matemática pela Universidade de Michigan e começou a trabalhar como programadora do MIT aos 24 anos, instituição em que também fez pós-graduação na área de meteorologia. Seu envolvimento no primeiro sistema de defesa aéreo americano abriu as portas para que trabalhasse para a NASA, onde se tornou Diretora de Desenvolvimento de Software da Apollo, cuja equipe era responsável por programar numa época em que a disciplina de engenharia de software ainda não existia nas universidades. O software de orientação de bordo da Apollo foi tão bem sucedido que, além de ter sido crucial na missão Apollo 11 que levou o homem à lua, suas variações foram utilizadas em outros projetos da NASA. Fundou a Hamilton Technologies em 1986 e recebeu várias honrarias ao longo da carreira, incluindo a Presidential Medal of Freedom em 2016.
Jaqueline Goes de Jesus: graduou-se em biomedicina em 2012 pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Concluiu seu mestrado em 2014 em biotecnologia em saúde e medicina investigativa pela Fiocruz da Bahia e seu doutorado em patologia humana e experimental em 2019 pela UFBA. Participou do projeto ZIBRA que fez o mapeamento genômico do vírus Zika no Brasil. Atualmente é pesquisadora e aluna do pós doutorado na área de sequenciamento de genomas. Em 2020 ela foi coordenadora do grupo que sequenciou os primeiros genomas do novo coronavírus no Brasil e por isso ganhou seu merecido reconhecimento na mídia nos primeiros meses da pandemia.
Suzana Herculano-Houzel: bióloga formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui doutorado pela Universidade de Paris VI na França e pós-doutorado pelo Instituto Max-Planck de Pesquisa do Cérebro na Alemanha. Autora de vários livros sobre neurociência e conhecida por seu trabalho de divulgação científica, participou de programas de TV, é colunista da Folha de São Paulo, e se tornou a primeira brasileira a falar na conferência internacional TED Global. Atualmente é professora associada aos departamentos de Psicologia e Ciências Biológicas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, onde estuda a evolução da diversidade do cérebro e como o cérebro humano se compara a outros.
Nathalia Pasternack Taschner: Formada em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo(IB-USP) e PhD com pós-doutorado em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Bactérias pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Foi diretora no Brasil do festival internacional de divulgação científica Pint of Science – Um Brinde à Ciência, coordenando palestras em 85 cidades. Se tornou a primeira brasileira a integrar o Committee for Skeptical Inquiry (Comitê para Investigação Cética), fundada nos anos 1970 por nomes como astrônomo Carl Sagan para defender o pensamento científico e crítico em contraponto a pseudociência. Atualmente é colunista do GLOBO e presidente do Instituto Questão de Ciência, o primeiro Instituto brasileiro para promoção de pensamento crítico e racional, e políticas públicas baseadas em evidências científicas.
Jane Cooke Wright: oncologista pioneira que desenvolveu métodos de tratamento com quimioterapia menos invasivos e mais seguros para os pacientes na luta contra o câncer. Formou-se em Arte, no Smith College em 1942, e em Medicina em 1945, pela New York Medical College. Trabalhou no Hospital do Harlem em Nova York, no Centro de Pesquisa do Câncer – fundado por seu pai, Louis T. Wright, um dos primeiros negros a se formar na Harvard Medical School e o primeiro cirurgião negro nesse hospital -, do qual se tornou diretora em 1952. Única mulher fundadora da Sociedade de Oncologia Clínica Americana, foi indicada pelo presidente Lyndon Johnson para o Conselho Nacional do Câncer, servindo de 1966 a 1970. Em 2011, a Sociedade de Oncologia Clínica Americana criou o prêmio Jane C. Wright, MD, Young Investigator Award – voltado para pesquisadores que realizaram avanços significativos na área – em reconhecimento a seus feitos para a medicina e para a pesquisa do câncer.
Flemmie Pansy Kittrell: primeira mulher afro-americana a obter um doutorado em Nutrição nos Estados Unidos, foi também a primeira doutora negra na Universidade de Cornell. Focou sua pesquisa em questões como os níveis de necessidade de proteínas em adultos, a alimentação adequada de crianças negras e a relevância das experiências de enriquecimento pré-escolar para as crianças. Revolucionou a forma como o desenvolvimento infantil era visto, pois foi uma das pioneiras no estudo dos efeitos do ambiente doméstico no desenvolvimento infantil. Colaborou com pesquisadores da área de nutrição em vários países e foi consultora do governo da Libéria sobre os problemas da desnutrição, e suas contribuições reformularam completamente o setor agrícola do país.
Eliza Souza Orth: Professora do Departamento de Química da UFPR, onde fez pós-doutorado na área de nanomateriais e também lidera o grupo de pesquisa Grupo de Catálise e Cinética (GCC). Faz parte da diretoria da Sociedade Brasileira de Química onde co-fundou o Núcleo Mulheres. Recebeu os prêmios Brazilian Women in Chemistry and Related Sciences da ACS (Brasil) em 2019, PhosAgro/UNESCO/IUPAC Green Chemistry for Life Research Award (Tailândia), Prêmio Jovem Cientista-100 anos da tabela periódica da IUPAC (Paris) em 2018, Rising Talents da L’Oréal-UNESCO (Paris) em 2016, Para Mulheres na Ciência L’Oréal-UNESCO-ABC (Brasil) em 2015 e Grande Prêmio CAPES de Tese Milton Santos (Área: Ciências Exatas e da Terra e Multidisciplinar, Materiais e Biotecnologia) em 2012.
Katherine Johnson: Considerada em 2016 uma das mulheres mais inspiradoras e influentes da história pela BBC, foi uma matemática e cientista espacial norte americana. Em 1953 entrou na NASA e lá fez contribuições técnicas e fundamentais para o avanço da aeronáutica e exploração espacial. Seu trabalho de liderança técnica abrangia a parte de cálculo de trajetórias, janelas de lançamentos e caminhos de retorno de emergência para muitos voos da agência americana, incluindo o Apollo 11, voo no qual levou o homem à lua em 1969. Em 2015 ganhou a Medalha da Liberdade, uma das condecorações civis mais importantes do governo americano. Em 2016, foi interpretada pela atriz Taraji P. Henson no filme “Estrelas além do tempo” que conta a trajetória das mulheres negras dentro da NASA. Antes de sua morte em fevereiro de 2020, em novembro de 2019 ganhou a Medalha de Ouro do Congresso.
Dorothy Vaughan: Sendo a primeira mulher negra a ser promovida a chefe de departamento dentro da NASA, ela foi uma matemática que desenvolveu trabalho de bastante relevância dentro da agência norte americana. Quando entrou na NACA (mais tarde NASA), em 1943, foi designada para uma área segregada da instalação onde trabalhavam apenas mulheres negras que faziam os cálculos que eram utilizados em projetos espaciais e de aviação. Em 1949 se tornou supervisora desta mesma área. Mais tarde ela se especializou em FORTRAN, uma linguagem de programação que era utilizada para aplicações científicas e algébricas. Foi uma mulher negra que contribuiu na corrida espacial e em 2016 foi interpretada pela atriz Octavia Spencer no filme “Estrelas além do tempo” que conta a trajetória das mulheres negras dentro da NASA. Em 2019 ganhou a Medalha de Ouro do Congresso postumamente.
Mary Jackson: Sendo a primeira engenheira negra da NASA, foi uma matemática e engenharia espacial que teve uma contribuição de bastante relevância na corrida espacial. Entrou na NASA em 1951 e trabalhou na West Area Computing, uma área que segregava mulheres negras que faziam cálculos matemáticos que eram utilizados em projetos espaciais e de aviação. Depois de alguns anos na agência, foi para um programa especial de treinamento, onde se tornou engenheira aeroespacial e trabalhou no Departamento Teórico de Aerodinâmica. Em sua trajetória, ajudou e incentivou mulheres a estudarem para progredir em suas carreiras. Em 2016, foi interpretada pela atriz Janelle Monáe no filme “Estrelas além do tempo” que conta a trajetória das mulheres negras dentro da NASA. Em 2019 ganhou a Medalha de Ouro do Congresso postumamente.
Mayana Zatz: nascida em Tel Aviv e naturalizada brasileira, possui graduação em Ciências Biológicas e doutorado em Genética pela USP, e pós-doutorado em Genética Humana pela UCLA. Fundou em 1981 a Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM), que preside até hoje, pois acreditava que o tratamento de doenças musculares no país era precário. Junto a Maria Rita Passos-Bueno e Eloísa de Sá Moreira, tornou-se pioneira ao localizar um dos genes ligados a uma distrofia dos membros, e também ao mapear o gene responsável pela Síndrome de Knobloch. É professora titular de Genética do Instituto de Biociências da USP, foi colunista da revista Veja e recebeu, entre outros prêmios nacionais e internacionais, a Ordem Nacional de Grã-Cruz de Mérito Científico do Governo Federal e o Prêmio L’Oréal-UNESCO para Mulheres em Ciência na América Latina.
Alice Ball: Sendo a primeira mulher negra a graduar-se na Universidade do Havaí e concluir um mestrado, foi uma química norte americana que desenvolveu um extrato de óleo injetável que era o único tratamento efetivo contra a hanseníase (mais conhecida como lepra) até a invenção dos antibióticos. O óleo desenvolvido foi a partir do Chaulmoogra, um óleo que já era utilizado no tratamento da hanseníase, porém não era muito bem aceito pelo organismo. Nos seus estudos, ela conseguiu uma solução solúvel e injetável, fazendo com que o óleo se tornasse eficaz. Devido à sua morte prematura, seu trabalho e reconhecimento ficou esquecido até os anos 1970, quando pesquisadoras resgataram sua pesquisa. Nos anos 2000 a Universidade do Havaí reconheceu seu nome e prestou as devidas homenagens. Em 2007, Alice ganhou uma Medalha de Honra da diretoria da diretoria da referida instituição.
Taynara Alves: graduou-se em química pela Universidade Federal do ABC Paulista. Mais tarde, ela cursou Gestão de Negócios e Inovação na Fatec e durante seu TCC desenvolveu um produto que remove os agrotóxicos dos alimentos, que foi chamado de Puro e Bom. Para criar tal produto ela contou com a ajuda da startup que criou ainda na primeira graduação. Além disso, o produto venceu o concurso da Start Ambev e Taynara ganhou R$ 50 mil para investir no projeto e uma mentoria da aceleradora. Ela também participa do Vai Tech, um programa de aceleração da Prefeitura de São Paulo que orienta os empreendedores que querem lançar algum produto no mercado.
Marcelle Soares Santos: graduou-se em física em 2004 pela Universidade Federal do Espírito Santo e mais tarde obteve mestrado e doutorado na área de astronomia. Em 2010 participou da pesquisa no Fermilab (Fermi National Accelerator Laboratory) para criação de um dos maiores detectores de luz já feitos nos Estados Unidos. Devido ao seu destaque, foi promovida a pesquisadora efetiva neste laboratório. Em 2014 recebeu o prêmio Alvin Tollestrup da Associação de Pesquisa Universitária. Atualmente ela é professora na Universidade de Brandeis, em Boston nos Estados Unidos.
Podcast Julia Squissato Mulheres na Ciência: cada episódio deste podcast apresenta uma cientista e discute a relevância de suas descobertas para o progresso científico, e para todas as mulheres. Há episódios sobre Ada Lovelace, Bertha Lutz, Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, e sobre a Dra. Jaqueline Goes de Jesus, que coordenou o primeiro sequenciamento genético do coronavírus no Brasil.
Podcast Maria vai com as outras ep 2. Mulheres na Ciência: podcast de entrevistas da revista piauí apresentado por Branca Vianna – linguista, intérprete simultânea, e fundadora e presidente da Rádio Novelo -, visa discutir a relação da mulher com o trabalho, vida afetiva, família, entre outros assuntos, e tem episódios novos quinzenalmente às segundas-feiras. No segundo episódio, a professora universitária e bióloga Ana Carolina Carnaval e a medalhista em olimpíadas de matemática Luize D’Urso debatem a representatividade feminina na pesquisa científica.
Podcast Feminismos ep. 8 Mulheres nas Ciências: este podcast é parte de um curso à distância homônimo, adiado para uma data ainda a ser divulgada devido à suspensão das atividades acadêmicas na UFRGS pela pandemia. No oitavo episódio, Marcia Barbosa e Carolina Brito do Instituto de Física da UFRGS conversam sobre mulheres nas ciências, apresentando dados da representatividade feminina em diversos campos científicos no país e no mundo, e discutindo aspectos desse mundo como o efeito tesoura, que é a diminuição do percentual de mulheres à medida em que a carreira avança. Debatem as causas, a necessidade de maior diversidade no mercado de trabalho e apontam algumas ações para mitigar o problema.
Filme Radioactive: baseado na graphic novel de Lauren Redniss e dirigido por Marjane Satrapi, a cinebiografia de 2019 estrela Rosamund Pike como Marie Curie e Sam Riley como o marido da cientista, Pierre. O filme retrata a luta de Marie para ser reconhecida pela comunidade de pesquisadores, e o relacionamento e as descobertas científicas junto ao marido – dois novos e importantes elementos químicos que dão início ao uso da radioatividade, o rádio e polônio, que lhes renderam o Prêmio Nobel mas causaram suas mortes. Filme Alexandria: dirigido por Alejandro Almenábar e estrelado por Rachel Weisz, o filme de 2009 conta a história de Hipátia de Alexandria, matemática, filósofa e astrônoma. Nascida em uma época que mulheres não tinham acesso ao conhecimento, a polímata grega provou estar à frente de seu tempo e ainda ousou lecionar na Escola de Alexandria, junto à célebre biblioteca. Filme Estrelas Além do Tempo: dirigida por Theodore Melfi, a cinebiografia de 2016 foi baseada no livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly. Situado em plena Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética disputavam a corrida espacial e a sociedade norte-americana estava em meio a uma profunda cisão racial, o longa retrata a vida de três funcionárias da NASA, parte de um grupo de matemáticas negras que era obrigada a trabalhar a parte. Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe) são amigas que não só provam sua competência dia após dia, mas também enfrentam o preconceito estrutural existente na hierarquia da NASA na tentativa de progredir em suas carreiras.